Regime Jurídico Único: como ele funciona e quais os impactos para servidores públicos

 

O Regime Jurídico Único (RJU) foi criado em 1990 pela Lei nº 8.112 para organizar a relação entre o governo federal e seus servidores. A ideia era garantir estabilidade, padronizar regras e dar mais segurança ao serviço público.

O RJU é o conjunto de regras que define direitos, deveres, responsabilidades e formas de ingresso no serviço público. Ele se aplica a servidores da União, autarquias e fundações federais.

Entre as principais garantias do regime estão:

  • estabilidade no cargo após três anos de exercício;
  • regras próprias para férias, aposentadoria e remuneração;
  • deveres específicos, como dedicação ao serviço e cumprimento das normas éticas.

Na prática, o RJU trouxe uniformidade para a gestão do funcionalismo público e ajudou a profissionalizar a carreira dos servidores.

A relativização do RJU com a Reforma Administrativa de 1998

Em 1998, a Emenda Constitucional nº 19 retirou a obrigatoriedade de um único regime jurídico para todos os servidores. Isso abriu espaço para contratações sob o regime da CLT (celetista) em alguns órgãos e entidades, como empresas públicas e sociedades de economia mista.

A mudança gerou debates sobre fragmentação do modelo. Em 2007, o Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão liminar, suspendeu parte da emenda e reafirmou a obrigatoriedade do RJU. Apesar disso, na prática, muitos vínculos celetistas foram mantidos, criando um cenário de coexistência entre regimes.

A convivência de regimes diferentes trouxe consequências diretas para os servidores. Alguns exemplos:

  • Estatutários (RJU): mantêm a estabilidade e regras próprias de aposentadoria e remuneração.
  • Celetistas: seguem as normas da CLT, sem estabilidade, mas com direitos trabalhistas típicos da iniciativa privada.

Essa diferença gera dúvidas sobre isonomia, já que pessoas que desempenham funções semelhantes podem ter direitos e deveres distintos apenas pelo tipo de vínculo. O grande desafio é equilibrar eficiência na gestão pública, igualdade de tratamento entre servidores e segurança jurídica para quem ingressa no serviço público.

O que esperar do futuro do RJU?

O Regime Jurídico Único foi um marco na organização do funcionalismo federal e ainda é a principal forma de vínculo para servidores públicos. Porém, as mudanças ao longo dos anos mostram que o modelo não é imutável.

Se você é servidor ou pretende ingressar no serviço público, é fundamental acompanhar as discussões sobre o tema. Novas reformas podem trazer impactos diretos para sua carreira, seja na forma de contratação, estabilidade ou benefícios.

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Fique atento às atualizações e busque sempre informações de fontes confiáveis para entender como as mudanças podem afetar sua vida profissional.